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Eco-ansiedade

Evitar um cenário quase apocalíptico vem sendo a missão de ativistas ambientais do mundo todo. As secas, enchentes, incêndios, o aumento da temperatura global, o desmatamento e tantos outros fenômenos, somados às desigualdades estruturais que as populações das periferias do mundo enfrentam, chocam e prejudicam a saúde mental. É o que a psicologia vem chamando de eco-ansiedade.

Nesse artigo, a Amanda da Cruz Costa nos conta sobre as causas da eco-ansiedade que ela sente enquanto jovem brasileira e aponta para uma saída possível.

Por Amanda da Cruz Costa

A American Psychology Association (APA) descreve a eco-ansiedade como “o medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável, das mudanças climáticas gerando uma preocupação associada ao futuro de si mesmo e das gerações futuras”.

Mãos geladas, estômago embrulhado, coração palpitando e um medo incessante do futuro…

Qual é o futuro que estamos construindo?

o estudo abrangente, mas ainda sem revisão, publicado pelo periódico científico Lancet Planetary Health e intitulado Young People’s Voices on Climate Anxiety, Government Betrayal and Moral Injury (Opiniões dos Jovens sobre Ansiedade Climática, Traição Governamental e Dano Moral), realizado em 2021, abrangeu 10 mil indivíduos de 16 a 25 anos, que moram em dez países, incluindo o Brasil.

Eles declararam que os problemas ecológicos os fazem sentir uma gama de emoções negativas, como medo, raiva, tristeza, desespero, culpa e vergonha. Também os deixam confusos, sem perspectiva de futuro e com a impressão de que os adultos e os governantes os traíram ou abandonaram.

Joice Ferreira, no site da Revista Piauí

Mal conseguimos sobreviver ao presente! Nossos sonhos são assassinados dia após dia e enfrentamos tantos desafios que mal sobra tempo para cuidar do coração:

  • genocídio da população preta;
  • desmonte de políticas socioambientais;
  • queimadas, desmatamento, contrabando ilegal da fauna e flora e
  • um vírus mortal que mata principalmente os mais vulneráveis.

Além do mais, temos que lidar com uma multiplicidade de crises: climática, democrática, sanitária, ambiental, econômica, social… Não sobra tempo para viver!

Eu, enquanto jovem mulher, deveria estar indo para os rolês, paquerando os #boymagias e viajando com as minhas amigas! No entanto, evito sair de casa por conta do COVID-19, estudo dia e noite para enfrentar a crise climática e tenho medo de colocar um filho no mundo, pois não sei oque ele encontrará daqui alguns anos.

 

Roubaram o meu futuro e sequestraram a minha juventude. Me entregaram um mundo cheio de problemas e colocaram toda a responsabilidade de encontrar soluções na minha geração.

Isso não é justo!

O ecocídio causado pelo governo Bolsonaro acentuou nossa eco-ansiedade: estamos tristes, desesperançosos e desesperados! Eu não quero viver com medo do futuro, mas quero construir parcerias intergeracionais para desenvolver soluções que vão salvar o meu presente.

O cenário é desafiador, mas não estou sozinha.

Bora construir esse futuro juntes?

Quer ler mais sobre eco-ansiedade?

  1. Ecoansiedade: o mal do século XXI? Conselho Regional de Psicologia do Paraná
  2. NÃO TEMOS TEMPO A PERDER. Joice Ferreira, Revista Piauí
  3. Eco-ansiedade: o medo do colapso ambiental. Crianças e jovens são os mais afetados. Lara Meneguelli, no Green Me.
  4. Eco-ansiedade: medo da catástrofe ambiental cresce em jovens. Na Época Negócios

Leia outros textos da Amanda sobre questões do clima:

  1. Você sabe o que é Racismo Ambiental?
  2. Sustentabilidade para mim?
  3. Como celebrar a vida num planeta que beira a morte?
  4. Qual futuro estamos construindo?
  5. Um futuro sustentável

 

Repressão emocional em adolescentes e suas consequências

Ignorar sinais e reprimir sentimentos pode agravar casos de depressão e atrapalha o desenvolvimento de competências socioemocionais. Precisamos falar sobre isso

Por Larissa Helena Carneiro

Você já ouviu que “não tem motivo para ficar cansada(o), já que só estuda”, que “está na ‘aborrecência’” ou que “ainda é muito nova(o) pra saber o que é estar triste de verdade”?

A maioria dos adolescentes já ouviu frases como essas ao menos uma vez, geralmente de familiares mais velhos que, mesmo sem intenção, tiram seu direito de sentir determinados sentimentos e sensações.

Ao ter seus sentimentos invalidados ou reprimidos, adolescentes não têm a chance de explorá-los, deixando de desenvolver inteligência emocional, ou seja, a capacidade de entender emoções, controlar impulsos e guiar relacionamentos com maturidade. Essa competência é essencial para a manutenção da saúde mental, para um convívio social harmonioso e para o bom desempenho em diversas áreas da vida – como a acadêmica, por exemplo -, como foi explicado nessa edição do programa Saia Justa:

 

 

A falta de acolhimento, apoio e orientação também pode levar a um problema mais grave: a depressão. Segundo a matéria “Quais os principais motivos da depressão na adolescência?”, do Instituto de Psiquiatria Paulista, a “dificuldade de identificar e interpretar as próprias emoções em um momento de distanciamento da infância e desvinculação de outras pessoas e costumes” pode ser um dos fatores desencadeadores desse distúrbio.

A mesma matéria reforça que é preciso ter empatia com adolescentes e estar atento aos possíveis sinais de depressão que, caso identificados, devem ser comunicados a um psiquiatra. Em seu canal no YouTube, a psicóloga Kelliny Dório também fez orientações importantes a pais de adolescentes e jovens em depressão:

 

 

Para saber mais sobre a importância da inteligência emocional e sobre depressão na adolescência, deixo como sugestão os vídeos abaixo. Deixa nos comentários o que você achou do tema!

 

 

Ah: Está passando por um momento difícil e precisa conversar? Ligue gratuitamente para 188. Você não precisa se identificar!

DEMOCRACIA SOBERANA: VOCÊ SABE PORQUE ELA É TÃO IMPORTANTE?

Por Engajamundo

Chega aqui com a gente nesse textinho mara, que vamos contar!!

Você também sente que no meio desse caos político do Brasil e do mundo, nós temos esquecido da real importância da democracia e o real preciosismo dela?

Se você tá se informando deve ter visto pelas notícias dos jornais, revistas e internet, protestos de uma galera, às vezes exigindo melhorias e garantias dos seus direitos e serviços públicos, e às vezes pedindo simplesmente pelo não retrocesso nas causas ambientais e sociais. Tudo isso que temos visto de insatisfações da população, fruto das formas que governantes têm lidado com os problemas públicos ou com soluções que privilegiam apenas uma pequena parte da população, faz a gente se perguntar:

Será que a nossa democracia está bem consolidada? E mais.. que talvez precisemos dar um passo atrás e entender por que é tão importante debater e garantir nossa querida democracia!

Bora lá então! O primeiro passo para isso é se perguntar “mas e aí, o que de fato é democracia?”. Já respondo que não existe uma resposta certa, já que a democracia é na verdade um processo contínuo de construção coletiva.

Em princípio é a ideia que todes decidam o que é melhor para a nossa sociedade, apesar de sabermos o quanto isso é difícil. Na prática é difícil atender todes, pela melhor razão possível, temos opiniões diferentes, diferentes raças, gêneros e vivências sobre os problemas da nossa sociedade.

Mas é nesse processo de construção coletiva , que se formam estes pilares incríveis, que vamos te contar agora:

  1. Conversa e empatia! – vamos fazer aquele esforcinho, para sempre conversar e entender as questões dos nossos colegues.
  2. Bora respeitar àqueles que são diferentes, e que não necessariamente concordem com a opinião da maioria.
  3. Buscar representar todes dessa nossa sociedade super diversa. Bora ser mais inclusivos?
  4. Direito de se reunirem e conversarem livremente, com liberdade de expressão.

Além desses 4 pilares imprescindíveis, a democracia exige um processo lento, complexo, que necessita procedimentos claros para funcionar e avançar, e esses procedimentos não podem ser construídos sem a prática exaustiva dessas construções coletivas. Afinal, ela não é algo concluso, está sempre sendo aperfeiçoada.

Afinal, democracia no Brasil é bem nova, sabia? Foi adotada como nosso sistema político oficial desde a década de 1980, com o fim das ditaduras militares! Isso quer dizer que ela não anda ainda tão enraizada na nossa sociedade, e por isso vira e mexe a gente vê alguns interesses e posições estremecerem suas bases, e por isso também é que a gente tem que defender ela com unhas e dentes, afinal, ela é o simples terreno pra que ideias diversas e até divergentes possam conversar e nos levar ao melhor caminho para nossa sociedade.

E você sabia que ela é não é única? Cada país tem seu modelo de democracia. Louco né? ((mas o importante mesmo é ela funcionar na prática né mores)) Você tem ideia da quantidade de tipos de democracias que exitem?! Senta aí..

Tem a Democracia Direta.. nela os cidadãos tomam as decisões necessárias para a gestão da sua cidade/estado/país e decidem o que é de seu interesse para o bem de todes. Eles criam leis, decidem para onde vai o dinheiro público, julgam crimes, entre outras várias atividades importantes. Esse modelo é mais fácil em sociedades com poucas pessoas. Atualmente, na Suiça, usa-se o modelo semidireto.

Já na Democracia Representativa, os cidadão elegem, por meio do voto, um representante que terá o poder de tomada de decisão para gerir aquela sociedade. Para que esse modelo seja justo e funcione todos tem que ter direito de votar, todos devem ser iguais perante a lei e o representante deve ter esse cargo temporariamente, quando o prazo termina, fazem uma nova eleição.

A Democracia Participativa, é o meio termo entre as duas anteriores. Nela existem os representantes eleitos, mas também existe maior interação entre eles e os cidadãos durante os processos de gestão. Ela valoriza a ideia de que o poder é do povo e a participação popular na política e usa mecanismos para que isso de fato aconteça, como: iniciativa popular, audiências públicas, referendos, plebiscitos, conselhos municipais, dentre outras.

Entender todos esses modos pelo qual ela se dá pelo mundão, assim como entender o quão recente ela é no nosso país, nos lembra a importância de defendê-la e construí-la no dia a dia.

Afinal, essa democracia é base para tudo que a gente faz e pode fazer, e por isso precisamos que ela funcione! Não podemos deixar que ela seja boicotada pelas opressões que fazem com nem todos tenham acesso a construí-la de forma igualitária, pela não representação efetiva dos governantes ao que sua população deseja e precisa, e por uma descrença no poder que ela tem!

Gostou do nosso conteúdo? Não deixe de compartilhar para termos cada vez mais eleitores conscientes!

Texto originalmente publicado no Blog Engajamundo.

5 direitos fundamentais garantidos pelo Estatuto da Juventude

Os direitos das juventudes no Brasil são uma pauta que nem sempre é tratada com a importância que merece. A criação de um regramento brasileiro que estabelecesse os direitos e garantias fundamentais para cidadãos com idade entre 15 e 29 anos teve marco inicial em 2005, com a Lei 11.129, que institui mecanismos que compreendem a Política Nacional da Juventude – o Programa Nacional de Inclusão de Jovens, o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) e a Secretaria Nacional de Juventude.

Em 2013, 8 anos depois, foi promulgada a Lei Nº 12.852 que estabelece os direitos de jovens, além dos princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE.

Segundo pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil tem 49,95 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Conhecer essa legislação é essencial para fazer valer sua identidade, diversidade e participação social.

  1. Direito à Saúde

a juventude tem direito à qualidade de vida, com ações e políticas públicas de prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde de forma integral.

  1. Cultura, Esporte e Lazer

a juventude tem direito de acesso aos bens e serviços culturais e a participação nas decisões de política cultural, à identidade e diversidade cultural, bem como direito de acesso a prática esportiva e ao lazer.

  1. Comunicação e Liberdade de Expressão

a juventude tem direito de se comunicar e de se expressar livremente, e tem direito de acesso às tecnologias de informação e comunicação.

  1. Território e Mobilidade

a juventude tem direito de conhecer seu território e de ter mobilidade, moradia, circulação e equipamentos públicos, no campo e na cidade.

  1. Meio ambiente e Segurança

a juventude tem direito de viver em um mundo ecologicamente equilibrado e defender uma cidade, um país e um planeta sustentável, com garantia de integridade física e mental.

Também são direitos das juventudes

  • Cidadania, a Participação Social e Política
  • Representação juvenil
  • Educação
  • Profissionalização, Trabalho e renda
  • Diversidade e Igualdade
  • Segurança Pública e acesso ao Sistema de Justiça

DIA 11 DE AGOSTO, DIA DO ESTUDANTE: ESTAMOS TRANSGREDINDO OU REGREDINDO?

A educação como prática da liberdade ganha força em dias comuns ou em um desgoverno o qual vivemos. E em datas de celebração se tornam símbolo de resistência.

Por Karen Rodrigues

A Origem Da Data

Neste dia 11 de agosto se comemora o Dia do Estudante, uma data que homenageia a todos. Surge no ano de 1927, após 100 anos da fundação dos dois primeiros cursos superiores jurídicos no Brasil. É uma data específica com objetivo de reforçar a importância dos estudos.

Estamos Regredindo

Desde que assumiu o cargo, o atual presidente do Brasil – fazendo coro com praticamente todos os ministros da Educação – propaga as universidades públicas como locais onde a balbúrdia é recorrente, e são espaços completamente “esquerdopatas”.

Esse julgamento fomentou o corte de verbas e acelerou um processo de sucateamento destas instituições, ou seja, um projeto que vai na contramão da valorização da ciência e daqueles que a fazem.

Coincidentemente ou não, esses espaços vêm sendo ocupados nos últimos anos por grupos marginalizados historicamente, mas essa desvalorização impacta várias frentes.

Este ano nos deparamos com o menor número de inscritos no ENEM desde 2005; Universidades Públicas de todo o país estão prestes a fechar as portas por falta do básico, e consequentemente, pesquisas científicas estão seriamente ameaçadas; e agora chega o projeto de um “novo ensino médio”.

O “novo ensino médio” não modifica somente o modo de aprendizagem de forma boa, como propagado em rede nacional através da mídia. O projeto cria também uma renovação no mecanismo da crescente desigualdade no país, pois não só atinge fundamentalmente o acesso dos alunos ao ensino superior, bem como atinge os professores, pois, qualquer indivíduo passa a ter abertura a lecionar nas escolas, entre outras questões controversas.

Uma das principais é a obrigatoriedade somente das matérias de matemática e português. Já as outras serão reduzidas a competências e habilidades. O que não garante uma constância das outras matérias, como: filosofia, sociologia, história, entre outras. Tais matérias que geram criticidade no indivíduo acerca da sociedade, estão a menos de “um passo” de serem completamente rechaçadas do currículo escolar das próximas gerações.

Para Transgredir

Ser capaz de recomeçar sempre, de fazer, de reconstruir, de não se entregar, de recusar burocratizar-se mentalmente, de entender e de viver a vida como processo, como vir a ser…

Paulo Freire

Paulo Freire e Abdias Nascimento na Guiné Bissau. Foto de Elisa Larkin Nascimento

O ato de resistir, repensar, refletir e agir é um processo que anda lado a lado de muitos brasileiros. E, tal processo não deixa de ter tamanha importância nos tempos atuais. Vejamos cursinhos populares e projetos sociais, ambos com objetivos de “não existência”, mas que seguem resistindo e gerando gigantescas mudanças na vida de educadores e educandos.

De acordo com bell hooks:

para isso, a consciência crítica ajuda bastante. A educação libertária quando todos tomam a posse do conhecimento como se fosse este uma plantação em que todos temos de trabalhar

Tanto Paulo Freire como bell hooks nos ensinam que aprender e ensinar é uma construção coletiva. Continuemos apostando no coletivo para colhermos futuras boas memórias de plantações.

 

Colagem por Karen Rodrigues

 

Karen Rodrigues é jovem comunicadora da Agência Jovem de Notícias.

Educação Ambiental: ferramenta para a preservação

A Educação Ambiental é uma disciplina dedicada ao manejo consciente dos recursos naturais. A data tem o intuito de lembrar a importância de práticas pedagógicas voltadas à preservação do meio ambiente, especialmente diante da intensa degradação dos ecossistemas brasileiros.

Por Larissa Helena Carneiro

A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) afirma que:

“A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo”, e que cabe às instituições educativas “promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem”.

Apesar de seu suporte legislativo, a matéria não é muito valorizada e os professores encontram problemas para sua aplicação. De acordo com o artigo Educação Ambiental na Base Nacional Comum Curricular, de Giovani de Souza Barbosa e Caroline Terra de Oliveira, na BNCC, “há uma exclusão do conceito de Educação Ambiental, como importante área de conhecimento para os estudos realizados na Educação Básica”.

Além disso, ao estudar sua aplicação no ensino fundamental de escolas públicas, a bióloga e doutora em Educação Claudia Ferreira constatou que os docentes não recebem orientações adequadas para falar sobre o tema.

 

No artigo “O meio ambiente na prática de escolas públicas da rede estadual de São Paulo: intenções e possibilidades”, Ferreira diz que as intenções de incluir a Educação Ambiental no cotidiano escolar:

só serão atingidas com um bom planejamento; cobrança do poder público – que deveria considerar propostas sugeridas pela sociedade civil para a elaboração e execução de políticas públicas – e envolvimento de todos os sujeitos do contexto escolar e da comunidade, para a construção de uma sociedade participativa, sustentável e integrada.

A Educação Ambiental é importante para a formação individual e o bom desempenho na área de Ciências da Natureza, e mais do que isso: é essencial para a preservação do que resta dos nossos biomas.

Imagem de ShutterStock

Quer saber mais sobre o assunto? Veja as referências abaixo e leia o texto da Amanda da Cruz Costa sobre o Dia Nacional da Educação Ambiental!

  1. Educação Ambiental na Base Nacional Comum Curricular: retrocessos e contradições e o apagamento do debate socioambiental
  1. O meio ambiente na prática de escolas públicas da rede estadual de São Paulo: intenções e possibilidades | Ambiente & Educação

5 direitos fundamentais de crianças e adolescentes garantidos no ECA

Em 2021 celebramos os 31 anos do ECA com uma seleção de 5 direitos fundamentais que devem ser garantidos a todas as crianças e adolescentes do Brasil.

Crianças e adolescentes nem sempre tiveram um regramento que falasse sobre seus direitos fundamentais no Brasil. Até a promulgação da Constituição Federal de 1988, não havia condições legais para tratar de forma específica os direitos de crianças e adolescentes. No artigo 227 da constituição, ficou estabelecido o preceito de prioridade absoluta para pessoas com idade até 18 anos. Este preceito foi regulamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990.

O Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser entendido como uma constituição que prevê a garantia de direitos fundamentais a crianças e adolescentes. É por meio desse documento que podemos cobrar o poder público por políticas que valorizem a infância e a adolescência.

Defendendo o ECA podemos garantir proteção, amparo e dignidade a estes cidadãos.

Em 2021, o ECA completa 31 anos e continua sendo essencial conscientizar crianças, adolescentes e toda a sociedade sobre essa legislação que garante seus direitos fundamentais.

Vamos conhecer 5 direitos fundamentais de crianças e adolescentes previstos no ECA?

1. Direito à Vida e Saúde – (arts. 7 a 14)

Toda criança e adolescente têm direito a atendimento médico adequado e a receber informações confiáveis sobre a sua saúde em cada fase da vida.

2. Direito à Liberdade, respeito e dignidade – (arts. 15 a 18)

Todas as crianças e adolescentes têm direito de ser livre e de serem tratadas com respeito e dignidade – sem castigos degradantes ou qualquer forma de violência – em qualquer situação, como todo ser humano.

3. Direito à convivência familiar e comunitária – (arts. 19 a 52)

Todas as crianças e adolescentes têm direito a conviver em família, natural ou afetiva, e a estabelecer vínculos sociais nos espaços em que convivem.

4. Direito à Educação, cultura, esporte e lazer – (arts. 53 a 59)

Aprender, passear, jogar bola, ler, brincar: toda criança e adolescente têm o direito fundamental de acesso a equipamentos de educação, cultura e esporte.

5. Direito à profissionalização e proteção no trabalho – (arts. 60 a 69)

É direito dos adolescentes a partir dos 14 anos iniciar a trajetória profissional, desde que seja respeitada a condição de aprendiz, com dignidade e garantia de direitos trabalhistas.

Trabalho infantil, antes dos 14 anos, é crime!

Todos os direitos e garantias previstos no ECA são direitos humanos e é dever da família, do poder público e da sociedade zelar pela proteção e pelo desenvolvimento pleno de crianças, adolescentes e jovens em qualquer lugar do Brasil.

Se você presenciar ou tomar conhecimento de práticas que violem os direitos fundamentais garantidos pelo ECA, denuncie através dos canais:

  • DISQUE 100
  • Conselho Tutelar da sua cidade
  • Safernet (em casos cometidos pela internet)
  • Centro de Apoio ao Cidadão da sua cidade
  • Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da sua cidade

 

Imagem de Sharon McCutcheon por Pixabay

Como a faculdade atrapalha nos estudos?

Algumas reflexões sobre o sistema universitário que encontramos e como estudantes enfrentam essa estrutura

Por Lucas Schrouth

DO PRINCÍPIO

Em primeiro lugar, serei um pouco contraditório: vou lhe dizer como a faculdade, universidade, academia e todos os nomes que o meio acadêmico pode assumir lhe ajuda no acesso ao conhecimento. Para isso, é preciso entender a estrutura do conhecimento e sua utilidade na sociedade e assim compreender a importância de um ambiente voltado à ciência.

O conhecimento universal é um complexo difícil de ser enxergado até para profundos estudiosos, para leigos essa visão se torna ainda mais embaçada. O maior desafio não está no que estudar, mas em como e por onde começar a estudar o objeto de conhecimento que se quer entender.

Nesta perspectiva, o autodidatismo enfrenta o impasse de exigir de seus adeptos um esforço muito grande de adequação e formulação de novos caminhos de estudo – apesar de que num certo ponto, toda pessoa que se dedica ao estudo em parte se torna autodidata.

No entanto, vejamos um exemplo: suponhamos que uma pessoa decida começar a estudar Física, talvez, sem ter os conhecimentos básicos necessários de cálculo. Justamente por não possuir esta informação, encontra severa dificuldade em seus estudos.

Ler, reler, e ler novamente e chegar à conclusão que não está entendendo nada é frustrante – bingo, é neste ponto que entra o professor.

Percebam então que a Academia, na pessoa do professor, media da melhor forma possível o aluno frente ao objeto de estudo. O professor deve procurar agir da forma mais construtiva possível. Neste aspecto, auxilia a aprendizagem que ele já caminhou e pode promover um caminho menos tortuoso do que ele precisou fazer.

Não posso estudar sozinho, é isso?’

Não é isso, de forma alguma! Quero dizer que ter as bases para entender o que se pretende conhecer, as premissas certas, ajuda muito na construção do conhecimento que posteriormente você já poderá desbravar com certa autonomia.

DO CARÁTER PRÁTICO

Muito se espera das universidades. No Brasil, um movimento anti acadêmico surgiu e tem ganhado força, infelizmente num momento de contracultura, que apregoa o abandono do meio universitário, suas carreiras, perspectivas e contribuições. Num momento em que a Universidade tem sofrido tantos ataques, é preciso destacar o seu caráter transformador, produtor e impulsionador de conhecimento.

A academia brasileira, em parte, tem sim se distanciado da sociedade, na perspectiva de atendimento de suas necessidades imediatas. Contudo, isso não é uma excentricidade da terra das palmeiras: ao redor do mundo as universidades possuem um próprio discurso, um próprio meio, seus próprios protocolos e isto não deslegitima as várias ações de tentar aproximar a universidade do meio público.

Sim, a sociedade possui demandas e sim, a universidade deve pensar nesses anseios. Entretanto, se a universidade for imputar como parâmetro de interesse o clamor do povo, provavelmente nenhum ou pouquíssimo avanço será feito no progresso científico – ninguém foi clamar ao Edison da necessidade da lâmpada, isso partiu de uma pesquisa e diálogo com outros conhecimentos para sua efetivação.

Vejam bem: quando ouvirem o discurso de “para que serve esta pesquisa? Quem um dia vai ler isso?”, lembrem-se que toda pesquisa possui uma justificativa apresentada pelo autor – procurem analisar a justificativa apresentada e argumente a partir disso; daí se pode aferir se a pesquisa possui ou não relevância para área na qual está inserida e para a sociedade.

O campo das ciências humanas infelizmente padece mais dessas críticas, é preciso entender que para produzir conhecimento muitas vezes é preciso romper com paradigmas.

DO OLHAR AO ESTUDANTE

O que faz uma escola ser uma escola? Você pode me dizer: seus professores, seus agentes escolares, a direção e gestão, suas lousas, suas carteiras e seus ambientes. Tudo bem, mas o que caracteriza uma escola são seus alunos, assim também é a universidade.

Visto isso, é com satisfação que observo que diversas pesquisas têm se voltado a olhar o estudante de graduação e pós-graduação. Procurando ouvir e entender suas dificuldades, anseios, contribuições e perspectivas, isso nas mais diversas áreas.

São todos os componentes desta estrutura (mundo acadêmico) que de fato o tornam real, que na realidade empenham o papel de concretizá-lo.

Escolher o curso universitário que se pretende não é tarefa fácil, pois leva em conta diversos fatores da vida pessoal e social do estudante. Após o ingresso isso não muda; boa parte dos alunos universitários trabalham enquanto estudam e nem sempre na área de sua formação.

Eu, por exemplo, sou da área educacional, e o período de pandemia afetou incisivamente as escolas (assim como outros setores) e as perspectivas de empregabilidade caíram severamente – torna-se complicado não se desesperançar frente a tamanha crise.

Veja a vida de um universitário de perto e verá uma onda em ciclos. Existem áreas em que as perspectivas não são das melhores; há áreas que intrinsecamente tratam de eventos difíceis para a maioria, e de questões exaustivas. Ao ver alguém lendo, ao ver alguém resumindo/fichando textos, lhe ofereça um chá e um pouco de silêncio: não é nada fácil abstrair-se de todas as interferências e situações ao redor para pensar acerca de variação linguística, cálculo de variáveis ou constituição celular.

DO QUE NOS INTERESSA

Certamente, algumas metodologias e ações adotadas por universidades, cursos e/ou docentes tendem a dificultar o processo de ensino-aprendizagem.

Por exemplo, o sistema de abarrotamento de trabalhos e leituras, avaliações finais que exigem retomada de muitos pontos, grande rigidez em aspectos que exigem certa subjetividade, a falta de empatia para com a vida do outro (por parte dos alunos <-> professores e alunos <-> alunos). Todos estes são fatores que podem interferir na vida acadêmica de seus sujeitos.

“Na faculdade você só vai estudar o que gosta”.

Esta afirmação que muitos ouviram antes de entrar na faculdade nunca foi tão contrariamente espelhada com a realidade dos corredores e salas das universidades. Primeiro, não é possível que eu estudasse somente o que eu gosto se antes é necessário que eu tenha contato com premissas que preciso para compreender o objeto que eu gosto de estudar.

Veja, escolher uma área de conhecimento que você perceba certa aptidão e tenha afinidade contribui muito no seu desenvolvimento, mas não somente.

É preciso entender que gostar de História não lhe garante que gostará de todos os ramos que o estudo historiográfico pode tomar, e TUDO BEM! A universidade te dá meios de conhecer um aparato geral acerca da ciência que você tanto ama, e com essa base você pode desenvolver diversas potencialidades.

É comum se frustrar por não conseguir absorver todo o conhecimento de sua área, todos os conceitos e aplicações – só uma colocação, É IMPOSSÍVEL SER ESPECIALISTA DE TUDO!

Por exemplo: na área da educação, temos questões específicas como a psicologia da educação, metodologias específicas de ensino, avaliação, didática e outras; e é impossível que eu me torne especialista em tudo isso.

Lembre-se: a faculdade te dá noções do seu campo de conhecimento, o estudo acadêmico se dá muito mais nas bibliotecas do que em sala.

A faculdade atrapalha num sentido, pois não nos permite alegar ignorância do que evidentemente nos foi apresentado. E isso é incrível: é preciso absorver o espírito acadêmico (de indagação, de curiosidade, de investigação, de procura) e não ser absorvido pela academia.

A Torre do Relógio, na Universidade de São Paulo. Jornal da USP/ Reprodução

Lucas Schrouth escreve para a Agência Jovem de Notícias.

O que é uma CPI?

A CPI da Covid vem gerando assunto para além das sessões. Mas, como entender esse processo? Como funciona uma CPI? O que acontece depois da coleta de todos os depoimentos? Qual o histórico brasileiro? São muitas questões. Nessa cobertura educomunicativa, a gente vai descomplicar a CPI pra te ajudar a entender tudo o que vem acontecendo. Vamos começar pelo princípio: O que é uma CPI?

Por Maria Eduarda Melo, para a Agência Jovem de Notícias

Um dos assuntos mais quentes no mundo da política brasileira nas últimas semanas tem sido a CPI da Covid. O processo que vem acontecendo no senado brasileiro, tem o objetivo de apurar e investigar determinadas ações relacionadas à pandemia que estão acontecendo no governo.

Mas o que exatamente é uma CPI e como ela funciona?

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito, ou seja, uma CPI, se trata de um instrumento que membros do senado e/ou da câmara dos deputados podem usar para questionar certas situações que possam estar ocorrendo na gestão daquele governo. Essas comissões são temporárias – normalmente, as CPIs duram por 120 dias, podendo ser prorrogadas por até mais 60 dias – e para serem instaladas necessitam do requerimento de, no mínimo, um terço dos senadores ou deputados.

No caso da CPI da Covid foram obtidas 31 assinaturas do total de 81 senadores, 4 a mais do que o necessário.

Relator da CPI da pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL); senador Otto Alencar (PSD-BA); senador Eduardo Girão (Podemos-CE); senador Humberto Costa (PT-PE). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Os principais objetivos de uma CPI são o de obter esclarecimentos sobre o assunto investigado e também responsabilizar, caso venha a ser necessário, aqueles que realizaram práticas ilegais enquanto ocupavam cargo público.

Uma comissão parlamentar de inquérito tem os mesmos poderes de investigação que as autoridades judiciais, porém não julga nem condena as pessoas envolvidas.

Para que uma CPI seja instaurada, é preciso primeiro que um parlamentar escreva uma proposta contendo, além da justificativa para o processo, informações como o número de parlamentares que devem participar e uma estimativa de tempo que irá durar a comissão.

Depois de conseguir o mínimo de um terço de assinaturas da câmara dos deputados ou do Senado, a CPI é aprovada.

Depois de aprovada, é preciso decidir quem fará parte da comissão. O líder de cada partido é quem indica os membros participantes, e o número de cadeiras que cada partido poderá ocupar vai depender da quantidade de membros que estão na casa naquele momento.

Uma reunião então é feita para ser votado/a quem será o/a presidente, vice-presidente e relator/a do caso.

Com a votação finalizada, é então iniciada a CPI, começam os trabalhos de investigação, que incluem levantamento de documentos e convocação de testemunhas, por exemplo.

Ao final do processo, um relatório com as devidas conclusões será enviado à mesa do Senado ou da Câmara. Dependendo do resultado, pode haver a solicitação do Ministério Público para que os infratores daquele caso sejam judicialmente responsabilizados e punidos.

Dentre as ‘punições possíveis’, podem acontecer a cassação de um parlamentar ou até mesmo a abertura de um processo de impeachment, processo esse que pode tirar um presidente do poder.

Leia mais cobertura educomunicativa da CPI da Covid-19 na AJN:

Quem é quem na CPI da Covid?

Educação não se faz a todo custo

Nos finais de semana de Janeiro vimos que a proposta desse Brasil para a educação é um fracasso, com aumento crescente de casos de covid-19 e a falta de senso fez com que mais da metade dos participantes faltasse.

Por Paulo Cruz (Ara)

Em tempos de calamidade pública ocasionada pandemia da Covid-19, com a alta dos números de casos, escassez de recursos em muitos estados e o início de uma manobra de vacinação com uma quantidade limitada de vacinas, o Ministério da Educação, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Governo Federal insistiram em manter as datas do Exame Nacional do Ensino Médio ao invés de priorizar a saúde da população.

Com a vitória para o adiamento do Enem de 2020 para 2021, o site do MEC havia feito uma consulta com os estudantes para a escolha das datas da aplicação da prova. A data mais votada foi entre 2 e 9 de maio de 2021 para os exames impressos e 16 e 23 de maio de 2021 para a versão digital, porém houve um atropelamento nas decisões do INEP que não considerou a decisão da maioria dos estudantes, realizando os exames no dia 17 e 24 de janeiro para versão impressa e 31 de janeiro e 7 de fevereiro para a versão digital.

Ainda assim, vimos outros embates do governo com instituições e coletivos que atuam com educação. Em Janeiro elas lançaram um novo processo para adiar as aplicações das provas do Enem, no Brasil, que começou o ano com lotação máxima dos hospitais e um aumento crescente dos casos de Covid. Para ter uma imagem da gravidade da situação, o próprio diretor do INEP, responsável pela aplicação das provas, morreu devido a complicações causadas pelo Covid-19.

Foto: Ricardo Amanajás – Agência Pará

Era de se esperar que, em um país com boa governança, organização e que se importasse com o seu povo, nas vésperas da aplicação do Enem, este devesse ser novamente adiado, afinal tínhamos ciência de todas as possibilidade de grande fracasso caso continuassem forçando esse processo de educação a todo custo, mas não foi isso que aconteceu.

E o resultado foi que mais da metade da população entre adolescentes, jovens e adultos deixaram de comparecer no dia do exame.

 

Não me surpreende a fala do ministro da educação, que comemorou e disse que a realização do exame foi vitoriosa em plena pandemia. A educação não se faz a todo custo, mas ela custa muito caro. Custa muito aos jovens periféricos, indígenas, negros e adultos trabalhadores que passam noites sem dormir e finais de semana inteiros estudando para realizar o sonho de entrar em uma Universidade Pública, isso em tempos normais.

Nesta pandemia, com o aumento das desigualdades sociais, fome, desemprego, o adoecimento mental da população, falta de amparo do estado, como ficam os nossos estudantes? Será que o custo desses esforços serão pagos com pesadelos e culpas que não nos cabem, mas que refletem as políticas que foram criadas nesses últimos anos, a partir do governo Temer e se intensificaram no governo Bolsonaro?