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Educação não se faz a todo custo

Nos finais de semana de Janeiro vimos que a proposta desse Brasil para a educação é um fracasso, com aumento crescente de casos de covid-19 e a falta de senso fez com que mais da metade dos participantes faltasse.

Por Paulo Cruz (Ara)

Em tempos de calamidade pública ocasionada pandemia da Covid-19, com a alta dos números de casos, escassez de recursos em muitos estados e o início de uma manobra de vacinação com uma quantidade limitada de vacinas, o Ministério da Educação, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Governo Federal insistiram em manter as datas do Exame Nacional do Ensino Médio ao invés de priorizar a saúde da população.

Com a vitória para o adiamento do Enem de 2020 para 2021, o site do MEC havia feito uma consulta com os estudantes para a escolha das datas da aplicação da prova. A data mais votada foi entre 2 e 9 de maio de 2021 para os exames impressos e 16 e 23 de maio de 2021 para a versão digital, porém houve um atropelamento nas decisões do INEP que não considerou a decisão da maioria dos estudantes, realizando os exames no dia 17 e 24 de janeiro para versão impressa e 31 de janeiro e 7 de fevereiro para a versão digital.

Ainda assim, vimos outros embates do governo com instituições e coletivos que atuam com educação. Em Janeiro elas lançaram um novo processo para adiar as aplicações das provas do Enem, no Brasil, que começou o ano com lotação máxima dos hospitais e um aumento crescente dos casos de Covid. Para ter uma imagem da gravidade da situação, o próprio diretor do INEP, responsável pela aplicação das provas, morreu devido a complicações causadas pelo Covid-19.

Foto: Ricardo Amanajás – Agência Pará

Era de se esperar que, em um país com boa governança, organização e que se importasse com o seu povo, nas vésperas da aplicação do Enem, este devesse ser novamente adiado, afinal tínhamos ciência de todas as possibilidade de grande fracasso caso continuassem forçando esse processo de educação a todo custo, mas não foi isso que aconteceu.

E o resultado foi que mais da metade da população entre adolescentes, jovens e adultos deixaram de comparecer no dia do exame.

 

Não me surpreende a fala do ministro da educação, que comemorou e disse que a realização do exame foi vitoriosa em plena pandemia. A educação não se faz a todo custo, mas ela custa muito caro. Custa muito aos jovens periféricos, indígenas, negros e adultos trabalhadores que passam noites sem dormir e finais de semana inteiros estudando para realizar o sonho de entrar em uma Universidade Pública, isso em tempos normais.

Nesta pandemia, com o aumento das desigualdades sociais, fome, desemprego, o adoecimento mental da população, falta de amparo do estado, como ficam os nossos estudantes? Será que o custo desses esforços serão pagos com pesadelos e culpas que não nos cabem, mas que refletem as políticas que foram criadas nesses últimos anos, a partir do governo Temer e se intensificaram no governo Bolsonaro?

 

Desafios do projeto em tempos de pandemia

As diferentes realidades relacionadas às situações socioeconômicas de cada bairro já eram um ponto de observação da equipe do projeto. A qualidade do acesso à informação em mídia digital, ter ou não ter computador e/ou celular próprios são algumas das questões que atravessam a realização das atividades da ECA, mesmo em tempos anteriores à emergência sanitária.

Com a adaptação do percurso formativo no ano da pandemia, uma das primeiras medidas adotadas foi fornecer pacotes de dados móveis para toda a turma, mesmo para aqueles que dividem os aparelhos eletrônicos com seus familiares. Outro recurso utilizado foi a criação de cartões convite para cada encontro do projeto, enviados como ação de mobilização para todos os adolescentes e jovens da turma.

Outro desafio para a participação dos adolescentes e jovens da turma da ECA Recife foram, sem sombra de dúvidas, as questões psicológicas que atingiram fortemente as juventudes brasileiras, impedidas de frequentar espaços de socialização e de acolhimento pelo distanciamento social.

Para contornar essas situações foi necessário um acompanhamento pedagógico virtual mais focado e direto, por meio das redes sociais, para entender as necessidades e dificuldades de cada jovem durante o processo formativo.

Essas dificuldades técnicas e psicossociais acabaram, mesmo com as ações pedagógicas, o número de adolescentes que desistiram ou não conseguiram acompanhar todas as etapas do processo formativo da ECA. O percurso foi encerrado com a participação de 19 adolescentes e jovens.

Encerramento virtual da ECA Recife

O que aprendemos com estudantes para ajudar na crise de saúde

Projetos de estudantes ensinam cuidados com alimentação, atenção com doenças que já afetam comunidades e necessidade de ações em prol da saúde mental de adolescentes

Por Criativos da Escola

 

A cada dia aumenta o número de pessoas infectadas pelo Coronavírus (Covid-19) no Brasil. A situação já é considerada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, as escolas paralisaram as aulas; há um menor contato físico entre os amigos e, em alguns casos, acontece também uma reorganização dos projetos e atividades, que, quando possível, passam a ser feitos de maneira virtual.

Pensando nesse contexto, nós, do Criativos da Escola, compartilhamos aqui alguns aprendizados que tivemos com crianças e jovens de várias regiões do Brasil, onde a questão de saúde aparece das mais diversas formas. Seja por meio da alimentação, do autocuidado, ou mesmo por meio da proteção da natureza esses estudantes têm pensado soluções para problemas que afetam diretamente suas comunidades. Confiram:

1. Alimentação saudável para cuidar da imunidade

Em tempos de doenças com alto risco de contaminação, uma alimentação saudável pode ser um dos caminhos possíveis para aumentar a imunidade, entre outras precauções que devem ser tomadas, como higienizar as mãos e evitar aglomerações.

Pensando na questão alimentar, aprendemos com o projeto “AgroSaúde”, de estudantes da EEEP Guilherme Teles Gouveia, de Granja (CE), quão importante é pensar o alimento conectado à natureza. O grupo criou um projeto para conscientizar agricultores locais sobre o uso de agrotóxicos e como poderiam utilizar outras alternativas no combate às pragas.

Alunos criaram alternativas aos agrotóxicos/Divulgação

Como isso se conecta ao momento atual? A OMS estima que, a cada ano, entre três e cinco milhões de pessoas são contaminadas por agrotóxicos em todo o mundo. No Brasil, eles representam a terceira maior causa de intoxicação, vitimando principalmente os trabalhadores rurais. Para o consumidor, o perigo está no consumo de vegetais com resíduos de substâncias químicas que podem ocasionar graves danos à saúde.

Diante disso, o projeto dos estudantes de Granja (CE) ofereceu oficinas em comunidades locais com orientações quanto ao uso de EPI, manuseio do produto e utilização de defensivos alternativos que não tragam riscos à saúde e nem agridam o meio ambiente. Além disso, houveram campanhas e palestras em unidades de ensino sobre os perigos do uso de agrotóxicos.

Dicas do que aprendemos com o “AgroSaúde” e que podemos fazer mesmo online:

  • Mobilizar a comunidade sobre questões de alimentação e saúde por meio de campanhas virtuais;
  • Mostrar alternativas possíveis ao uso dos agrotóxicos, como alimentos orgânicos e/ou produzidos por agricultores locais (sempre que possível);
  • Evitar alimentos industrializados.

2. Não esquecer dos outros riscos à saúde

Para além do coronavírus, há ainda no Brasil e outros lugares do mundo diversas doenças que colocam em risco a saúde e a vida de muitas famílias e comunidades. Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado a alta taxa de casos de dengue, por exemplo, fazendo com que grupos de estudantes, nas mais diferentes regiões do país, criassem caminhos para falar e atuar sobre o assunto em suas comunidades e escolas.

Jovens criam projeto de combate à dengue na comunidade/Divulgação

Exemplo disso são os jovens da ETEC Monsenhor Antônio Magliano, em Garça (SP), que organizaram diversas ações de conscientização e combate ao Aedes Aegypti na região por meio do Projeto “Ensino Conectado à Saúde“.

O que aprendemos e como vocês também podem readaptar para os dias de quarentena, em casa:

  • Distribuir cartilhas informativas (no atual momento, é possível criar informações e divulgá-las de modo virtual);
  • Realizar conversas com colegas de outras escolas (pode ser por meio do Whatsapp, Instagram, Facebook ou outras redes sociais);
  • Criar um blog ou página nas redes sociais com informações sobre a doença para comunicar sua comunidade ou escola;
  • Elaborar um jogo online ou mesmo um aplicativo informativo para crianças sobre os riscos da doença.

3. Cuidado com os idosos

Um dos maiores grupos de risco no caso de contaminação por coronavírus são os idosos, ou seja, aqueles com mais de 60 anos. A exemplo do cuidado que se deve ter com esse grupo, os alunos do Colégio Estadual Professor Ivan Pereira de Carvalho, em Camocim (CE), desenvolveram uma série de ações para cuidar e valorizar a vida dos mais velhos na comunidade, com o projeto “Não nos esqueça”. Além de produzirem um livro e um documentário para relatar suas biografias, eles organizaram uma campanha de arrecadação de medicamentos e materiais de uso para idosos em situação de vulnerabilidade social.

Projeto priorizou o cuidado com os idosos da comunidade/ Divulgação

Dicas de ações que podem ser feitas em prol dos idosos de sua região:

  • Fazer ligações a pessoas idosas que, neste momento, podem estar em situação ainda maior de isolamento ou até mesmo abandono;
  • Auxiliar em tarefas que precisam ser feitas fora de casa (compra em supermercado, passear com animal de estimação, compra de remédios na farmácia etc);
  • Campanha de comunicação online voltada a cuidados que as demais pessoas devem ter com os idosos.

4. Autocuidado com mente e corpo

Nesses tempos em que somos obrigados a ficar dentro de casa, é muito importante que se exerça o autocuidado e a atenção com nossa mente e corpo. Por todo o país, autoridades têm determinado que as escolas e os comércios sejam fechados. Em alguns casos, educadores e estudantes estão continuando o ano letivo de modo virtual, o que exige outras formas de organização e também de cuidado.

Um grupo de estudantes de Campo Bom (RS) criou o aplicativo para celular “Tigre Branco“, que tem como função principal refletir sobre a autoestima e o cuidado consigo próprio para, então, conseguir acolher e cuidar do restante do grupo que integra. A iniciativa foi uma das premiadas na edição de 2018 do Desafio Criativos da Escola.

O autocuidado e o cuidado com o outro são temas do app Tigre Branco/Divulgação

Relacionando-se com os dias atuais, nos quais evitar sair de casa é um jeito de cuidar do outro, nós aprendemos com o projeto:

  • É importante reservar para si um momento de reflexão e cuidado mental;
  • Realizar exercícios físicos é um jeito de cuidado pessoal;
  • Para cuidar do outro, precisamos estar bem com a gente mesmo.

5. Atenção a casos de doenças psicológicas de crianças e adolescentes

Diante de um involuntário isolamento pelos riscos de contágio do vírus, muitas pessoas podem se sentir sozinhas, deprimidas ou ansiosas. A abertura de espaços de diálogo e escuta se tornam importantes nesse momento, para que, além de cuidar de nós mesmos, também possamos apoiar uns aos outros e também procurar por ajuda profissional, quando necessário.

Um exemplo disso é o projeto “Luz na Escuridão”, dos alunos e alunas da EEM Professora Marieta Santos, de Bela Cruz (CE). Os estudantes perceberam que os colegas estavam passando por alguns problemas, como depressão e automutilação, e criando espaços de acolhidas que envolvem também profissionais no assunto. Para abrir um canal direto com os amigos, criaram uma página no Instagram, onde as pessoas podem procurá-los para pedir ajuda para encontrar espaços de tratamento. O que aprendemos para esses tempos:

  • Abrir espaços de diálogo para as pessoas dizerem como se sentem;
  • Sermos empáticos às diferenças e sentimentos dos outros;
  • Procurar um profissional da saúde mental para auxiliar quando preciso.

Texto originalmente publicado no site do projeto Criativos da Escola, em 20 de março de 2020.

 

 

Coronavírus: prevenção no mundo virtual

A internet também pode oferecer perigos durante a pandemia de coronavírus: saiba mais sobre como se prevenir ao usar a internet

Por Lilian Romão

Se você já está seguindo as recomendações de lavar as mãos, tossir no cotovelo, usar máscara, permanecer em casa, etc… Seguem algumas ficas de comportamento no mundo virtual:

1. Pare de compartilhar fakenews nas redes sociais, especialmente no whatsapp.

2. Compartilhe informações de fontes seguras.

3. Se não tem certeza da origem, não propaga.

4. Fakenews sobre a Covid 19 se propagam mais rápido que a própria Covid 19.

5. Fakenews sobre a Covid 19 podem matar mais do que a própria Covid 19.

6. Tente interagir levando informações saudáveis para grupos próximos, onde ainda é possível dialogar.

7. Se isole das redes sociais de grupos que insistem em compartilhar desinformação. Whatsapp pode ser uma ferramenta letal quando propaga desinformação.

8. Evite aglomerações perigosas também no mundo virtual (grupos de família com membros muito autoritários, grupos de pessoas com auto grau de ironia para tudo o que acontece no mundo, grupos de pessoas muito extremistas na conversa, grupo de pessoas que ignoram a importância da Ciência e do conhecimento).

9. Procure sempre separar informação de opinião. Alguns exemplos:

  • “eu acho que o vírus…” FONTE DE INFORMAÇÃO PERIGOSA
  • “o Ministério da Saúde informou que o vírus …” PODE SER PERIGOSA. VÁ CHECAR A FONTE, caso o texto venha por whatsapp sem informar a fonte da informação e data.
  • “De acordo com o médico… do hospital … , o vírus… Reportagem publicada em 18.03.2020, em www.blabla” – FORMA MAIS CONFIÁVEL DE ACESSAR A INFORMAÇÃO. De toda forma, clique no link!

Você pode estar correndo sérios riscos ao se expor a notícias mentirosas.

Lembre-se que um comportamento seguro também envolve uma atitude responsável nas redes sociais. Às vezes, é necessário algum tipo de isolamento virtual para cuidar melhor da saúde.

Coloque sua máscara no mundo virtual. Lave suas mãos no mundo virtual. Você não sabe de onde pode vir o vírus da Fakenews.

Quer espalhar esse conteúdo? Confira nosso infográfico:

 

 

Lilian Romão é jornalista e mestra em Educomunicação, já foi diretora da Viração Educomunicação.

 

Material originalmente publicado na Agência Jovem de Notícias.

‘Coronavirus, o mundo em perigo’, poesia jovem para atravessar o mau tempo

Kalila Domingos Fidelis é uma jovem de 17 anos, moradora da região do Jardim Dupratt/ Parque Santo Antônio, periferia da Zona Sul de São Paulo. Kalila nos enviou uma contribuição poética sobre esse momento de isolamento social, que impacta a vida e a rotina de todos, e mexe com as inquietações das juventudes de nosso país. Seu poema reflete um momento que merece atenção e cuidado social, mas que também precisa de direção política.

“Coronavirus, o mundo em perigo” é ainda um convite para você embarcar com a gente nas ‘Barquinhas Literárias para atravessar o mau tempo’: uma iniciativa da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias, da qual a Agência Jovem de Notícias é parceira, que propõe uma viagem literária em rede através de textos, vídeos e áudios para auxiliar de forma lírica a passagem este período tão delicado que vivenciamos.

 

 

Coronavirus, o mundo em perigo, por Kalila Domingos Fidelis

O mundo tá em crise
Mas o ser humano nem tá tentando se importar.
Pior o presidente,
EI IDIOTA!
Tá querendo nus matar?

Não é só uma gripisinha
Não é piada, para se brincar.
É sério, muito sério.
Eu sinto falta de respirar.

As pessoas estão morrendo,
Enquanto outras, decidirão que era traba- lho demais ficar em casa.
Sabe o pior? Pior pro estudante,
Se o Brasil já tava em apuros,
Com a educação la embaixo,
Pensa agora, que o estudante não tem escola!

Enchendo as folhas do caderno,
Com o que posso assimilar.
Dando o melhor de mim.
Quando isso vai acabar?
Para alguns não estamos em risco.
“Vocês são jovens”
“O risco é só para os idosos, volte a estudar”
Quem te falou que não estamos?
Devia tentar entender, que existem coisas
Que dinheiro não pode comprar.

Alguns reclamam que o dinheiro tá acabando.
E a porra da saúde, entra onde nessa historia?
Milionários, preocupados com a empresa
Por que pra mim,isso não é surpresa?

Rezando para que a situação não piore,
Meu deus eu tenho família!
Espero que não piore…
Meu deus, eu sou jovem,
Mas meus avós não!
“Meu deus por que isso acontece?”
Vai la, e vota no mito de novo.
O mito que quer tirar você, de casa
Obriga-lo, obriga-la
A ser punido, pela crise mundial.
“Suspenda o salário,ele que venha e trabalhe”

E o estudante continua sendo ignorado.
Sem aulas presenciais,
MEU DEUS O QUE QUE EU FAÇO?
E o estudante sofre a pressão.
“Você ainda tem que estudar pro enem “
“Você ainda tem que prestar vestibular”
Senhor Jesus,vou surtar!

Se essa quarentena não nus matar,
O vírus nus mata.
Se ele falhar, o mito nus mata.
E o mundo tenta se estabilizar…
Mas o estudante ainda tem que batalhar.
Enem, vestibular, e ainda tem que trabalhar.
Mas o mundo continua a girar,
E o estudante ainda tem que estudar.

E o estudante, vai se ferrar?
Trabalho. Estudo. Pandemia.
E minha família?
A pressão só cresse, o mundo só piora
Distante agora,
É a maior prova de amor.

E distancia agora,
É estar junto na guerra.
E distancia agora, é o único jeito,
DE FUGIR.

Encontre a Kalila no Instagram:

@kaliladomingosfidelis e @23snow_white

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