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Será que o jovem brasileiro se desinteressou pela política?

O ano é novo, mas os problemas são velhos. Será que 2022 será uma cópia de 2018, com os mesmos políticos sendo reeleitos e as brigas nas redes sociais dominando nos trending topics?

Por Victoria Souza

Anos eleitorais no Brasil, para alguns, são considerados anos extremamente chatos por conta das propagandas eleitorais e por conta dos apelos que os candidatos fazem, algo que já cansou uma considerável parcela da população. Para outros, é nesses anos que as “coisas realmente acontecem”: obras são finalizadas, benefícios criados e pequenas melhorias adotadas, com o intuito de que até outubro, as pessoas ainda se recordem disso. Se dependesse apenas de mim, o ano eleitoral não teria nada que distraísse o povo das eleições. Não teria BBB, não teria Carnaval, não teria absolutamente nada que distraísse as pessoas de entenderem a importância de um ano eleitoral nas nossas vidas.

Pode parecer drástico, mas talvez assim conseguiríamos nos focar no que realmente importa durante esse ano: votar em pessoas que tenham um plano lógico para o desenvolvimento do país! Isso porque de quatro em quatro anos, muitas pessoas têm a capacidade de eleger as mesmas pessoas, absolutamente as mesmas pessoas, que ficaram por 4, 8, 20 anos sem fazer nada de novo, de bom e nada que seja melhor para nós, apenas para eles. E isso é gravíssimo!

Sim, o ano é novo, mas os problemas são velhos. Será que 2022 será uma cópia de 2018, com os mesmos políticos sendo reeleitos e as brigas nas redes sociais dominando nos trending topics?

2022 é um ano extremamente estratégico para o nosso país e precisa ser.

Precisamos nos atentar aos erros cometidos em 2018 e entender o quanto a política é necessária para a nossa vida e molda sistemas excludentes de uma sociedade. A juventude, mais do que nunca, precisa utilizar o poder que tem na mão e dizer o que não concorda e o que pensa e sobre o que não pode continuar acontecendo. Não estou falando de stories em redes sociais! Estou falando do voto, esse direito constitucional que nos faz “responder” ao estado às ações que vemos enquanto cidadãos.

Falando de redes sociais, vemos muitos memes e brigas com relação à política, mas pouca construção sólida em torno de tudo isso. As pessoas, aparentemente, não estão se envolvendo muito nesse tema com medo ou das reações que podem gerar nas redes sociais ou por acreditar que política é um assunto chato e que não vale a pena.

Mas, e o jovem brasileiro?

A grande problemática é que o jovem brasileiro parece ter se desiludido com a política. Ao longo dos últimos 20 anos, o número de jovens de 16 a 17 anos que já estariam em idade para tirar o título de eleitor e exercer seu direito constitucional caiu bastante, indicando que o jovem brasileiro estaria desencantado pela política.

Assistimos atônitos aos políticos enfiando dinheiro na cueca, enquanto o povo caça ossos no lixo, assistimos políticos criando leis específicas que beneficiam somente a eles e ajudar bandidos a utilizarem essas “brechas jurídicas” para escapar de presídios, assistimos políticos não responderem por crimes gravíssimos enquanto uma mulher é presa por roubar uma bandeja de carne. Realmente é desanimador acreditar que uma nação tem chances de romper com esse cenário, que faz parecer com que todos os partidos não sejam confiáveis. Tudo isso sem mencionar as fake news, das quais a juventude segue sendo a mais atingida.

Assim, esse desencantamento é extremamente compreensível, uma vez que o país tem tomado um rumo desanimador quanto à administração pública e a juventude, especialmente a juventude preta e periférica, que tem sofrido cada vez mais com as crescentes desigualdes sociais brasileiras, como a negação à capacitação acadêmica e profissional e direitos legais adquiridos constitucionalmente como o direito à vida e à segurança, uma vez que um jovem negro é morto a cada 23 minutos no Brasil, de acordo com um estudo da ONU, por exemplo.

É justamente por perceber que as desigualdades sociais têm crescido muito nos últimos anos, que precisamos entender o quanto as ações dos jovens precisam ser estratégicas neste momento.

É útil postar textões nas redes sociais? Até certo ponto sim, mas o ato por si só continua se mostrando não muito eficaz. A ação política precisa acontecer.

Por mais que os jovens sejam engajados para lutar pelos seus direitos, pesquisadores apontam que os jovens estão levando a política para as redes sociais, mas não estão levando as pautas para um âmbito onde as mudanças realmente acontecem. Ou seja, para que mudanças ocorram efetivamente, é necessário que as juventudes estejam na política, conversando com as secretarias, ensinando sobre políticas públicas, engajando outros jovens para a liderança de projetos de impacto, em resumo, fazendo política.

Atualmente, com a polarização política e o ódio generalizado nas redes sociais, o jovem tem medo de ser ridicularizado e cancelado por ter um pensamento diferente dos demais. A política entra em pauta novamente em 2022 e, com os aprendizados de 2018, as pessoas se sentem constrangidas a dar suas opiniões sem liberdade de errar uma vez que a cultura do cancelamento se impregnou na sociedade, e sem humildade para aprender com o erro e se desculpar. É um efeito dominó com consequências drásticas para a juventude brasileira que está cada vez mais afastada da política quando deveria ser ao contrário.

Hoje, existem movimentos que tentam aproximar os jovens da política e demonstrar a importância dessa aproximação para a diminuição das desigualdades sociais de um país. Educação política, engajamento social e debates nunca foram tão importantes no nosso país.

Quanto mais acostumados à política e entendermos o papel estratégico de “ocupar” o senado e o congresso, de contar com lideranças que lutem por pautas relacionadas à diversidade, maior a chance de termos questões importantes para a nossa sociedade finalmente sendo endereçadas como o combate ao racismo, machismo, LGBTfobia, políticas públicas para incluir mais jovens indígenas no ensino superior, tirar moradores de ruas das ruas, ações sociais para combater as inúmeras cracolândias espalhadas pelo país, proteção aos direitos dos animais, ou seja, pautas que realmente são importantes para nossa convivência e evolução em sociedade.

Enquanto não entendermos que precisamos nos inserir na política, as mesmas pessoas ricas, cis e brancas continuarão fazendo políticas para si e não para nós (as minorias).

Para você tirar o seu título eleitoral e exercer seu direito no mês de outubro, fazendo mudanças reais na sua vida e na das pessoas que te rodeiam, entre no site do TSE até o dia 4 de maio:

DEMOCRACIA SOBERANA: VOCÊ SABE PORQUE ELA É TÃO IMPORTANTE?

Por Engajamundo

Chega aqui com a gente nesse textinho mara, que vamos contar!!

Você também sente que no meio desse caos político do Brasil e do mundo, nós temos esquecido da real importância da democracia e o real preciosismo dela?

Se você tá se informando deve ter visto pelas notícias dos jornais, revistas e internet, protestos de uma galera, às vezes exigindo melhorias e garantias dos seus direitos e serviços públicos, e às vezes pedindo simplesmente pelo não retrocesso nas causas ambientais e sociais. Tudo isso que temos visto de insatisfações da população, fruto das formas que governantes têm lidado com os problemas públicos ou com soluções que privilegiam apenas uma pequena parte da população, faz a gente se perguntar:

Será que a nossa democracia está bem consolidada? E mais.. que talvez precisemos dar um passo atrás e entender por que é tão importante debater e garantir nossa querida democracia!

Bora lá então! O primeiro passo para isso é se perguntar “mas e aí, o que de fato é democracia?”. Já respondo que não existe uma resposta certa, já que a democracia é na verdade um processo contínuo de construção coletiva.

Em princípio é a ideia que todes decidam o que é melhor para a nossa sociedade, apesar de sabermos o quanto isso é difícil. Na prática é difícil atender todes, pela melhor razão possível, temos opiniões diferentes, diferentes raças, gêneros e vivências sobre os problemas da nossa sociedade.

Mas é nesse processo de construção coletiva , que se formam estes pilares incríveis, que vamos te contar agora:

  1. Conversa e empatia! – vamos fazer aquele esforcinho, para sempre conversar e entender as questões dos nossos colegues.
  2. Bora respeitar àqueles que são diferentes, e que não necessariamente concordem com a opinião da maioria.
  3. Buscar representar todes dessa nossa sociedade super diversa. Bora ser mais inclusivos?
  4. Direito de se reunirem e conversarem livremente, com liberdade de expressão.

Além desses 4 pilares imprescindíveis, a democracia exige um processo lento, complexo, que necessita procedimentos claros para funcionar e avançar, e esses procedimentos não podem ser construídos sem a prática exaustiva dessas construções coletivas. Afinal, ela não é algo concluso, está sempre sendo aperfeiçoada.

Afinal, democracia no Brasil é bem nova, sabia? Foi adotada como nosso sistema político oficial desde a década de 1980, com o fim das ditaduras militares! Isso quer dizer que ela não anda ainda tão enraizada na nossa sociedade, e por isso vira e mexe a gente vê alguns interesses e posições estremecerem suas bases, e por isso também é que a gente tem que defender ela com unhas e dentes, afinal, ela é o simples terreno pra que ideias diversas e até divergentes possam conversar e nos levar ao melhor caminho para nossa sociedade.

E você sabia que ela é não é única? Cada país tem seu modelo de democracia. Louco né? ((mas o importante mesmo é ela funcionar na prática né mores)) Você tem ideia da quantidade de tipos de democracias que exitem?! Senta aí..

Tem a Democracia Direta.. nela os cidadãos tomam as decisões necessárias para a gestão da sua cidade/estado/país e decidem o que é de seu interesse para o bem de todes. Eles criam leis, decidem para onde vai o dinheiro público, julgam crimes, entre outras várias atividades importantes. Esse modelo é mais fácil em sociedades com poucas pessoas. Atualmente, na Suiça, usa-se o modelo semidireto.

Já na Democracia Representativa, os cidadão elegem, por meio do voto, um representante que terá o poder de tomada de decisão para gerir aquela sociedade. Para que esse modelo seja justo e funcione todos tem que ter direito de votar, todos devem ser iguais perante a lei e o representante deve ter esse cargo temporariamente, quando o prazo termina, fazem uma nova eleição.

A Democracia Participativa, é o meio termo entre as duas anteriores. Nela existem os representantes eleitos, mas também existe maior interação entre eles e os cidadãos durante os processos de gestão. Ela valoriza a ideia de que o poder é do povo e a participação popular na política e usa mecanismos para que isso de fato aconteça, como: iniciativa popular, audiências públicas, referendos, plebiscitos, conselhos municipais, dentre outras.

Entender todos esses modos pelo qual ela se dá pelo mundão, assim como entender o quão recente ela é no nosso país, nos lembra a importância de defendê-la e construí-la no dia a dia.

Afinal, essa democracia é base para tudo que a gente faz e pode fazer, e por isso precisamos que ela funcione! Não podemos deixar que ela seja boicotada pelas opressões que fazem com nem todos tenham acesso a construí-la de forma igualitária, pela não representação efetiva dos governantes ao que sua população deseja e precisa, e por uma descrença no poder que ela tem!

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Texto originalmente publicado no Blog Engajamundo.

O Valor do Voto – consciência ou acaso, o que norteará o seu direito

O voto no Brasil é uma construção e conquista histórica que provocou resistência da parte da elite aristocrática acostumada a governar sozinha, o significado do voto vai além de sua função prática da seleção de pessoas para cargos, constitui um direito fundamental de ser em sociedade.

Por Lucas Schrouth

Direito ao voto no Brasil

O voto no Brasil assim como no mundo foi e é uma construção social e histórica. Antes da atual constituinte brasileira, o sufrágio era marcado por elitismo e apadrinhamentos. Durante o período colonial e Império, as votações eram marcadas por fraudes e desvios, as eleições davam-se apenas em âmbito municipal e o voto era censitário – apenas uma parcela da população que tivesse um mínimo de renda poderia votar.

Essa política elitizante criou um sistema de apadrinhamento burguês onde somente os interesses da elite e da coroa portuguesa se viam atendidos. Com a derrocada da realeza e a ascensão dos republicanos, o presidencialismo, que exigia uma maior participação cidadã que ainda muito limitada, pessoas menores de 21 anos, mulheres, analfabetos, mendigos, indígenas e integrantes do clero estavam impedidos de votar.

A Era Vargas, marcada por diversas mudanças sociais, políticas e econômicas, traz consigo a criação do Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais Eleitorais. Dois grandes avanços para o direito eleitoral brasileiro são a instituição do voto feminino e do voto secreto para todos, em contrapartida do atraso promovido pela Ditadura do Estado Novo, período no qual houve suspensão do processo eleitoral.

O período entre 1945 e 1964 é marcado como a primeira experiência mais democrática no Brasil pós império; as mulheres votaram pela primeira vez diretamente num presidente – 4 presidentes foram eleitos pelo voto popular. Como boa parte das políticas nacionais esta não seria diferente: o período militar é um marco de descontinuidade da garantia dos direitos fundamentais e um retrocesso na construção democrática de uma nação.

Neste período, o cargo da presidência da república era indiretamente escolhido assim como os de governadores de estado, um sistema organizado por bipartidarismo (ARENA e MDB) e eleições legislativas diretas. Com a redemocratização, se instaura a nova carta magna a chamada Constituição Cidadã de 1988, o voto é consolidado como universal, secreto e obrigatório – facultativo aos jovens de 16 e 17.

Voto e sua significação

O leitor que dá uma passada rápida por essas palavras pode deduzir que este foi um processo rápido e fácil, mas é justamente o oposto. A possibilidade de expandir a participação popular nas decisões que norteiam a nação, preocupou e criou resistência às elites aristocráticas que estavam acostumadas em não só permanecer no poder, mas também em sustentar e expandir um esquema que lhe assegure essa permanência.

O voto significa mais que uma participação indiferente e ocasional, ele possui um valor tanto simbólico quanto prático.

Simbolicamente, é o entendimento de que todo cidadão possui o direito de participar da vida pública da sociedade na qual está inserido e que ele pode espontânea e conscientemente analisar e escolher o candidato que mais lhe pareça preparado.

Em seu sentido prático, é a interferência direta na condução da nação, a concepção de ser mais um entre milhares e que a sua decisão não terá importância, está errada. Este ideal normalmente é usado para incentivar o uso do seu direito ao acaso, candidatos populares que possuem a maior chance de vitória não querem o seu voto – não preferencialmente – só não querem que você vote no adversário.

O voto branco/nulo, diferentemente do que parece, não anula a sua responsabilidade neste processo e no que dele decorre, não escolher é uma escolha.

É decidir (inconscientemente) de que os outros decidirão por você. O voto é a arma legal que o povo têm para se proteger e conduzir para onde sua nação caminhará; nós votantes devemos nos recordar que os votados são pessoas comuns que receberam de nós não só benefícios, mas principalmente obrigações – o Estado está para o povo, como as abelhas para sua rainha.

Voto, um exercício da cidadania consciente

Aos 16 e 17 anos, o jovem ainda está recebendo sua formação educacional e política, uma minoria compreende os processos legais que o cercam e como se organiza o sistema democrático nacional.

É importante salientar que a formação política, social e histórica é fundamental no que se compreende como desenvolvimento integral do ser, esta é uma discussão que permeia os ambientes educacionais que é um espaço político.

Justamente por não possuir um posicionamento ideológico absolutamente definido, os jovens são mais sucessíveis a votar por impulsão ou por influência. Ao participar deste processo, todos devem ter consciência partindo da mera questão ideológica, ocasional ou apadrinhada, para um voto pleno de consciência de que esta decisão tomada é o melhor pra mim como cidadão e para com meus pares.

Antes de votar é preciso exercer a própria consciência como cidadão. Muito se fala sobre voto consciente, que seria nada mais menos do que um voto pleno. Pode soar cansativo e trabalhoso, mas algumas atitudes devem ser tomadas antes de votar; nossa obrigação como cidadãos é exercer da melhor forma possível nosso direito constitucional:

  • Assista atentamente (duas vezes pode ser suficiente) o horário político obrigatório, e analise as palavras e propostas para o cargo que pretende ocupar;
  • Pesquise acerca de TODOS os candidatos e seus vices, partido, histórico político, como está financiando a campanha, onde concentra sua atenção;
  • Leia atentamente os planos de governo de cada candidato (que são normalmente encontrados no site destes);
  • Se atente a de que modo e quais meios você obtém as informações, verifique em agências de checagem e procure fontes confiáveis – não caia e espalhe Fake News;
  • Verifique se sua situação eleitoral está regularizada; verifique seu local de votação e que dia em durante qual horário se dará a votação.