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Rapidinhas

Juventude e Cidadania

1 de julho de 2022

A juventude tem papel fundamental na construção de uma sociedade mais democrática, mas para que isso ocorra é necessária a participação dentro de espaços que exercitem nossa cidadania, provoquem nossa curiosidade e despertem nossa consciência crítica.

 

Por Thaynara Floriano e Gustavo Souza, da Viração

O principal direito de um cidadão é a igualdade. Essa filosofia existe desde Atenas até os dias de hoje – ela é a base fundamental para uma sociedade próspera e satisfeita. No entanto, no Brasil, embora persista essa ideia de sociedade igualitária, a realidade infelizmente não é próspera – e muito menos justa. Existem diferenças exorbitantes entre nós, por possuirmos diferentes rendas, oportunidades, educação, acesso aos serviços básicos de saúde, alimentação, moradia e qualidade de vida desde a primeira infância.

O conceito de cidadania nos remete ao desejo de participar da sociedade e tentar transformá-la. Muitas são as organizações que historicamente formularam e disputaram no campo da conquista de direitos para as juventudes: o Movimento Estudantil, as Pastorais da Juventude, o Movimento Negro, o Movimento LGBTQIA+, o Movimento de Mulheres, os Movimentos de Cultura, os Grupos de Defesa do Meio Ambiente, entre outras. Todas essas movimentações contribuíram e contribuem muito na conquista de direitos da juventude.

A juventude tem papel fundamental na construção de uma sociedade mais democrática, mas para que isso ocorra é necessária a participação dentro de espaços que exercitem nossa cidadania, provoquem nossa curiosidade e despertem nossa consciência crítica. E essa participação surge na possibilidade da participação e do protagonismo juvenil dentro do processo de globalização da cultura, propondo soluções no combate às desigualdades a partir de suas vivências.

A disseminação das informações pelas redes sociais pode ser uma grande aliada na conscientização para a cidadania, quando opera junto com a consciência crítica. Milhares de jovens estão online todos os dias e cada vez mais grupos com todo tipo de conteúdo ganham participantes de vários lugares do país, mostrando o grande poder de influência dos aplicativos, celulares e produtos midiáticos, tornando esses espaços grandes aliados na construção de debate e ideias.

Campanhas como a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de vários artistas, influenciadores, organizações da sociedade civil (incluindo a Viração e a Agência Jovem de Notícias) e coletivos de todo o país para incentivar o voto dos jovens, por exemplo, alcançaram 2 milhões de eleitores entre 16 e 18 anos entre os meses de março e maio deste ano. Mas exercer essa cidadania em âmbito constitucional é mais do que tirar o título de eleitor e estar apto para votar. O exercício e reconhecimento que vem com essa palavra está atrelado ao interesse e participação do jovem no Estado, ou seja, acompanhando projetos de lei, ações e tudo que afeta diretamente nosso modo de vida.

A sociedade passa por mudanças frequentes, sempre ligadas a questões sociais que indicam valores, sejam eles de comportamento ou mercadológicos. E toda essa mudança afeta diretamente a juventude; não só por definir o nosso futuro, mas por determinar o nosso agora. Sendo assim, os espaços de educação e aprendizagem precisam promover experiências pedagógicas que conduzam a uma participação cidadã, nas quais a juventude se encontre como uma parte importante dentro do meio, sendo capaz de transformar.

E para transformar, é necessário que essa educação esteja presente em espaços abertos à reflexão da nossa própria realidade enquanto juventude. Sem essa aproximação, a educação não pode ser de fato libertadora.

Através do protagonismo que surge com a consciência da nossa própria condição histórica, da condição dos nossos colegas, professores e familiares, dentro de espaços em que o diálogo, a comunicação e a transformação importam, a reformulação de políticas públicas e sociais acontecem.

Criado em 2005, o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) é instrumento para nosso empoderamento, tendo como uma de suas principais responsabilidades elaborar, avaliar e monitorar as políticas públicas relacionadas à juventude. O Estatuto da Juventude, promulgado em 2013, tem como principal objetivo tratar os direitos da população jovem, criando espaços para ouvir a juventude e incentivar nossa participação nos processos decisórios. Estes dois dispositivos garantem nosso direito fundamental à participação política e à cidadania.

A nossa geração precisa ser empoderada – ouvimos muito essa palavra – mas o que realmente significa esse empoderar? Significa promover a dignidade, a liberdade de decidir e controlar nossos próprios destinos com responsabilidade e respeito às diferenças. Só conseguimos isso através de uma educação política e cidadã que incentive cada um de nós a participar de todas as discussões que envolvem o presente e o futuro do nosso país.

A participação cidadã é um direito humano garantido em lei e fundamental para a concretização de outros direitos básicos. Mais que isso, a participação é a própria essência da democracia, uma vez que é por meio dela que o povo manifesta suas ideias e vontades a respeito das coisas públicas. Historicamente, os processos de participação popular estão, portanto, associados à luta por mais direitos e à própria cidadania.

E quando pensamos na participação de adolescentes e jovens os desafios são ainda maiores. Isso porque nossa sociedade ainda é adultocêntrica – ainda predomina uma noção de que adolescentes e jovens são incapazes de formar opinião e participar. Soma-se a isso o senso comum de que somos apáticos e desinteressados politicamente em comparação às gerações anteriores.

Adolescentes e jovens são sujeitos em desenvolvimento e com potencial de intervir criativa e positivamente na sociedade para promover transformações. E sim, se interessam por questões sociais e políticas! Para mergulhar mais no tema, indicamos a videoaula da Escola de Cidadania para Adolescentes sobre participação cidadã das juventudes:

 

É urgente a necessidade da juventude estar a frente dos processos, conduzindo nosso país para uma nova rota. Essa tarefa cabe a cada jovem desenvolver, porém não é uma missão simples e sabemos disso, pois nos encontramos num momento de descrença perante órgãos públicos e perante as pessoas que foram empossadas com a missão de nos representar. Mas não podemos desistir desse processo, muito menos abrir mão de um direito que é nosso!

Devemos ter atenção a tudo que está acontecendo: as decisões tomadas hoje influenciam o nosso futuro e os nossos sonhos.

A participação de jovens nos debates sobre nossas realidades é essencial para que a cidadania seja exercida de forma plena, pois é ela que abre caminhos para que nós, a juventude, sejamos agentes de transformação da nossa própria realidade e da realidade de gerações futuras.

Sem a participação cidadã da juventude, não alcançaremos o desenvolvimento social e político em que tanto trabalhamos. É esse o momento da nossa geração mostrar sua força, garra e coragem para avançar nas conquistas, frear os retrocessos e construir um novo modelo de política.