Como criar uma cidade sustentável e comprometida com a igualdade de gênero?
Uma sociedade só se torna justa e sustentável quando todos os setores e políticas se conectam; não considerar ultrapassar as barreiras desiguais de gênero e raça impedem que o desenvolvimento pleno seja atingido.
Por Rayana Burgos*
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2020 é um ano atípico e isso é fato. No entanto, existem problemas que acompanham as cidades brasileiras há anos. As eleições municipais acabaram nas cidades brasileiras, mas foram importantes porque trouxeram para o debate o papel das Prefeituras na criação de cidades sustentáveis e comprometidas com a igualdade de gênero.
O acelerado crescimento das cidades, quando não é guiado por políticas preparadas à expansão social, gera municípios mal planejados, dificulta a qualidade dos serviços oferecidos e compromete o meio ambiente.
Apesar desses erros socioambientais que surgiram com o desenvolvimento dos Municípios, existem soluções criadas em 2015 e compartilhadas pela ONU dentro da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que tem o intuito de propor medidas firmes para erradicar a pobreza, criar cidades mais justas e sustentáveis.
A Agenda 2030 contém 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e podem guiar as prefeituras para desenvolverem uma gestão sustentável e responsável pela redução das desigualdades sociais entre homens e mulheres.
Todos os ODS estão interligados se considerarmos que uma sociedade só se torna justa e sustentável quando todos os setores e as políticas da cidade se conectam visando o bem-estar da população.
No entanto, é necessário incluir os ODS 5 e 11, que focam na igualdade de gênero e na construção de cidades e comunidades sustentáveis, respectivamente, nos planos de desenvolvimento municipal, como o plano plurianual, por exemplo.
Olhar para todas as políticas públicas como potenciais medidas de redução da desigualdade entre homens e mulheres e como fator chave na criação de cidade sustentável é um caminho ideal, porque não considerar ultrapassar as barreiras das desigualdades de gênero e raça impedem que o desenvolvimento pleno da cidade seja atingido.
Para facilitar a adoção de políticas que possam reduzir as desigualdades de gênero e minimizar os efeitos das mudanças climáticas, é necessário adotar o conceito de transversalização de gênero (ou gender mainstreaming) isto é, reorientar as políticas públicas para o objetivo de igualdade de gênero, garantindo melhoria das condições de vida das mulheres [1].
Ao mesmo tempo em que mulheres, principalmente as pretas e indígenas, são as mais afetadas pelas mudanças climáticas [2] e pela má gestão das cidades, investir em políticas com abordagens de gênero é um passo para a construção de uma cidade comprometida com a justiça climática e a igualdade social de toda a população.
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Texto: Rayanna Burgos
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Notas:
* Este artigo foi escrito durante o curso oferecido pelo Youth Climate Leaders reforçando o compromisso da autora com as questões em debate.
[1] – Marcondes, M. M., Diniz, A. P. R., & Farah, M. F. S. (2018). Transversalidade de gênero: uma análise sobre os significados mobilizados na estruturação da política para mulheres no Brasil. Revista Do Serviço Público, 69(2), 36-62. https://doi.org/10.21874/rsp.v69i2.2297
[2] – Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas-afetam-mais-as-mulheres/av-42910053 . Último acesso feito em 03/11/2020.