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Resistindo à infopandemia

Conselho educomunicativo para enfrentar o avanço do coronavírus

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Vinte e um de março, início da primavera aqui na Itália e do outono no Brasil. Há exato um mês estamos em emergência sanitária. Por aqui, continua tudo fechado, ainda por pelo menos mais outro mês: escolas e universidades; lojas, bares e restaurantes; estações de trem e ônibus e aeroportos. Há um rigor no isolamento e no distanciamento social.

Cada um no seu quadrado. Mas às 6 da tarde, muita gente sai na janela para cantar, recitar poesias, mandar abraços e apoio a quem está na trincheira dos hospitais. Tem até um padre napolitano que inventou de fazer missa em cima de uma laje e o fiéis seguindo de seus balcões e de suas janelas.

 

Um homem toca guitarra em sua varanda enquanto seu vizinho observa o mundo através da janela. Foto: Massimo Pina/Reuters.

 

O primeiro aprendizado que eu gostaria de compartilhar com vocês, e talvez soe como um conselho, tem a ver com o consumo de notícias que fazemos em nosso cotidiano.

Eu sugiro não entrar na paranoia de ler notícias a toda hora nos grupos de WhatsApp, nas redes sociais e plataformas online. Qual o número de infectados hoje? Quais Estados ou Países estão sendo mais atingidos? Que teste de tal celebridade ou político deu positivo? Isso alimenta outra grave doença: a infopandemia.

Claro, não podemos negar que o “mal” tem seu fascínio. Uma sádica onda de notícias catastróficas nos excita, como quando vemos os gladiadores lutando na arena nos tempos dos antigos romanos ou como nos violentos combates dos filmes de ação. Tudo isso gera adrenalina, causa certa satisfação.

Em tempos de coronavírus é preciso combater esse “contágio psíquico”, ou seja, essa difusão rápida e emocional de notícias verdadeiras, mas que tendem a aumentar nosso estado de angústia e ansiedade, medo e pânico. Alimentar o medo, olhando o noticiário de hora em hora, faz mal à bioquímica e à biofísica do corpo e da alma.

Meu antídoto, por exemplo, para evitar esse contágio psíquico, essa epidemia de notícias, é me atualizar com informações em apenas dois momentos do dia: de manhã e à noite.

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Paulo Lima, jornalista e fundador da Viração – de Trento, Itália.